quinta-feira, 10 de maio de 2007

Pára Tudo!

Será que seria possível você parar um pouquinho para dar uma olhada no que você está fazendo da sua vida?
Será que seria possível pararmos para vermos o que estamos fazendo com nossa família, nossos vizinhos, as pessoas a nossa volta e o ambiente ao nosso redor?
Será que seria possível os governantes municipais, estaduais, federais e mundiais pararem um pouquinho para verem o que estão fazendo com a Vida - e isto inclui os seres humanos, animais, insetos, o meio ambiente, enfim tudo que eles escolheram cuidar com seus governos?
Será que seria possível os empresários sejam grandes ou pequenos, assim como os artistas, educadores e profissionais de diversas áreas pararem para se perguntar se estão produzindo algo de útil que ajude as pessoas a serem melhores e o mundo um lugar melhor?
Acho que devíamos nos fazer esta pergunta o tempo todo. Não devíamos fazer nada sem antes checar nossa motivação. Se o que realmente queremos gerar com nossos pensamentos, nossas palavras e nossas ações é algo apenas para nossa satisfação autocentrada ou para um bem maior.
Quando olho para tudo que venho presenciando nos quarenta e poucos anos de vida que tenho neste planeta me vem uma sensação de que as coisas não estão indo muito bem. Dá vontade de dizer: pára tudo que eu quero descer.
Diante de tantas evidências ecológicas, científicas, econômicas, políticas e espirituais de como o futuro nos reserva algo terrível se não mudarmos nossas atitudes, como podemos continuar vivendo da mesma maneira como se nada estivesse acontecendo?
Só para se ter uma idéia de como estamos tão alienados do que está nos acontecendo, podemos falar de energia e recursos naturais. Já é mais que sabido que o nosso estilo de vida moderno é insustentável neste planeta. Para a população mundial ter a vida de um norte-americano, um europeu ou de algum cidadão de um país “desenvolvido” é preciso mais três planetas Terra ou mais.
Mas mesmo sabendo disso o que 99% das pessoas no mundo estão buscando?
O que estamos fazendo quando buscamos ganhar cada vez mais dinheiro e obter mais e mais coisas obcecados por tudo que aparece de novo no mercado? O que estamos querendo quando compramos mais um carro; uma tv, um dvd e um aparelho de som para cada quarto; etc.etc... e em nossa constante insatisfação continuamos querendo mais e mais coisas? O que estamos realmente fazendo com nós mesmos?
Parece que todo o desenvolvimento que a humanidade tem realizado tem tido como força motriz esta insatisfação sem limites e isso só tem se mostrado catastrófico.
A maioria (senão todos) os países ricos e desenvolvidos chegaram nesta situação através da exploração de muitos povos ao longo dos séculos, da manipulação política e econômica em muitos países, do assassinato de milhões de pessoas pela indústria armamentista e da corrupção. Além disso, todo este “desenvolvimento” está levando ao esgotamento e a poluição do planeta.
Será que não dá para parar tudo um pouco e pensar o que podemos fazer para mudar isso ou pelo menos não contribuir mais para toda esta insanidade?
Você pode achar que não, mas se você parar e investigar sua vida, você verá que está contribuindo para tudo isso com suas atitudes, mesmo que seja sem querer.
Por exemplo, podemos falar de cultura. O que os artistas estão produzindo?
Creio que na urgência do momento que estamos vivendo a arte e a cultura como apenas entretenimento, intelectualidade e estética só serve para distrair mais nossas mentes e corações da atual situação da humanidade e para o seu futuro sombrio. Enquanto nos distraímos com nossas canções de amor e as novas tendências e expressões culturais (ou mesmo querendo preservar as tradicionais), o futuro do planeta e de seus habitantes está sendo roubado.
A arte pela arte, em muitos casos, é apenas mais um fator de insatisfação e alienação do ser humano e no pior de todos mais um fator de poluição e exploração do planeta.
Creio que se não mudarmos nossa maneira de viver agora, em breve não haverá mais ninguém ou nenhuma condição para se sensibilizar e contemplar uma obra de arte.
Talvez todo o problema da nossa incapacidade de mudar nossas atitudes esteja no fato “da dificuldade que o ser humano tem para enxergar a verdade quando seu salário depende de não vê-la”, como diz Marcos Sá Correa em artigo no Estadão sobre o documentário “Uma Verdade Inconveniente”.
Realmente, se refletirmos bem e investigarmos todas as conexões que alimentam esse mundo insano e tentarmos não compactuar com tudo isso em nossas atividades profissionais e sociais, parece que teremos que sentar onde estamos, neste exato momento, e não fazer mais nada. E talvez essa não seja uma má idéia.
Mas não é só o salário que torna esta triste verdade algo inconveniente. Não é só pelo dinheiro que estamos aprisionados nesta roda de sofrimento. Há também tudo aquilo a que nos agarramos para nos sentirmos um pouco mais seguros de nós mesmos, aquilo que nós chamamos de nossas realizações, conquistas, “sensações gratificantes” e coisas que nos dão um sentido de viver.
Será que são essas coisas os alicerces de nossa prisão?
Cada um que tire suas conclusões, mas, ao que parece, estamos viciados num estilo de vida insustentável e não sabemos como parar.Aliás, você poderia me informar onde é que fica os “Humanos Anônimos”?

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