Será que precisamos percorrer um longo caminho de sofrimento, pretensões e frustrações para perceber que a vida é antes de tudo uma deliciosa e absurda aventura? Será que é necessário o tempo de uma vida inteira para compreendermos a essência simples e bem-humorada de tudo que vivemos?
Talvez nem uma vida seja suficiente para isso. Temos grande chance de chegar no momento de nossa morte sem saber realmente o que é ter vivido.
Creio que se não ficássemos nos debatendo com os acontecimentos da vida, tornando as coisas tão sérias e cheias de importância perceberíamos o bom humor contido em tudo. Quantas vezes você já riu de coisas passadas que na época o deixou profundamente irritado, nervoso, magoado ou temeroso?
Enquanto estamos envolvidos em uma experiência, a vemos como algo extremamente importante, mas a partir do momento em que ela passa, ou melhor, que a deixamos passar, podemos começar a vê-la de uma outra perspectiva com outras nuances; talvez mais natural, é esta a palavra. Se pudéssemos ver nossas experiências de vida de uma forma mais simples e natural talvez não sofrêssemos tanto. Mas fica difícil vermos as coisas naturalmente enquanto criamos inúmeros artifícios para nos esquivar de uma constante insegurança sobre o que somos realmente.
Se observarmos bem nossa vida é toda motivada por uma necessidade de confirmação do que nós somos, seja por nós mesmos ou pelos outros. Movidos por esta necessidade não há outra coisa que possamos colher que não seja mais insegurança. Diante disso, nossas estratégias de defesa se tornam tão sofisticadas que mesmo quando achamos que estamos realizando algo de forma pura e desinteressada, podemos nos surpreender ao nos vermos irritados ou deprimidos quando não somos reconhecidos ou somos criticados no que fazemos.
Vivemos sob a incrível ilusão de uma cultura que nos mostra modos de vida cada vez mais complicados e confusos ao focar a nossa existência na satisfação desta necessidade de reconhecimento e perpetuação da imagem de um eu. Neste mundo, apesar de mostrarem as coisas muito coloridas e divertidas no marketing da vida, tudo nos é passado como muito sério, algo que você precisa conquistar, senão você não é ninguém. O alimento é sério, o sexo é sério, o trabalho, a diversão e o lazer é tudo muito sério. A grande ironia é que tudo isso que se pode conquistar para se sentir sendo alguma coisa acaba uma hora. Mas não tem problema. Nós sempre vamos em busca de novas conquistas e assim nos mantemos ocupados por toda a vida, até que um dia nos vemos diante da morte e aí, o que realmente importa?
Às vezes, mesmo percebendo todo este jogo, nós continuamos buscando em algum nível de existência uma realização que você imagina existir. E se você não cosegue sair da cilada disso tudo você acaba se tornando escravo de si mesmo, das suas idéias, onde na melhor das hipóteses você se torna um filósofo e na pior um filósofo que gosta de levar vantagem em tudo, certo?
Certa vez, li o seguinte trecho de um livro de um místico americano chamado Da Free John: "A vida é completamente absurda. Enquanto você está vivo, tudo parece importante. Até o desespero é importante, o reconhecimento de que alguma coisa importante para você não aconteceu. Assim, a vida, enquanto você a vive, é cheia de importâncias. Por outro lado, todo o universo conspira para fazê-lo ceder o que parece importante, pois tudo no universo chega ao fim. Toda experiência está conspirando para fazê-lo transcender a experiência, exigindo, ao mesmo tempo, que você consume a experiência". Não conheço este Da Free John, mas gostei deste trecho.
Cada experiência que temos contém a mensagem última da necessidade da transcendência da experiência, pois tudo tem um começo, um meio e um fim. Sabemos que por mais prazerosa ou dolorosa que seja qualquer experiência, ela acabará, mas impulsivamente nós a seguramos. E seja qual for o tipo de auto satisfação que se busca manter ou de auto realização que se busca alcançar, tudo isso tem o suporte de um sentimento que muitos acham que é importante termos, mas que creio ser o mais terrível veneno que corrompe a nossa capacidade de ser feliz: o orgulho.
O orgulho é o grande muro que erguemos para nos defender daquilo que é o mais eficaz remédio que a vida nos confronta a toda hora para nos tirar do nosso delírio de auto importância. Que remédio é esse? A humilhação. A humilhação nos traz a negação, o fim e a morte que pode nos despertar para a realidade das coisas. Muitas vezes (ou seria sempre?) é ela que nos mostra que não somos o centro do universo e que devemos ser vulneráveis e atentos à vida e ao outro, fazer amizade com nosso não-eu vermos o que realmente tem importância. E, por incrível que pareça, nós aprendemos esta lição desde pequenos, como descreve tão bem o escritor Robert Fulghum:
"Grande parte do que eu realmente precisava saber a respeito da vida, de como viver, do que fazer e de como ser, aprendi no jardim de infância. A sabedoria não estava no cume da montanha da faculdade, mas ali na caixa de areia da escola maternal. Essas são as coisas que aprendi; compartilhe tudo, seja leal; não magoe as pessoas; recoloque as coisas no lugar onde as encontrou; limpe aquilo que sujar; não pegue o que não for seu; peça desculpa quando machucar alguém; lave as mãos antes de comer...
Biscoitos quentes e leite frio são bons para você; leve uma vida equilibrada; aprenda um pouco, pense um pouco, desenhe, pinte, cante, dance, brinque e trabalhe um pouco a cada dia; tire uma soneca todas as tardes; quando sair para o mundo, fique atento no trânsito; dê as mãos e mantenha-se unido, perceba a maravilha...
Pense como o mundo seria melhor se todos nós – o mundo inteiro – tivesse biscoito e leite por volta das três horas de todas as tardes e depois deitasse com suas mantas para tirar um cochilo, ou se tivéssemos uma política básica em nossa nação e em outras nações de sempre recolocar as coisas no lugar onde as encontraram e limpássemos as sujeiras que fizéssemos. E isto continua a ser verdade, não importa a idade: quando sair para o mundo, é melhor dar as mãos e manter-se unido".
Talvez nem uma vida seja suficiente para isso. Temos grande chance de chegar no momento de nossa morte sem saber realmente o que é ter vivido.
Creio que se não ficássemos nos debatendo com os acontecimentos da vida, tornando as coisas tão sérias e cheias de importância perceberíamos o bom humor contido em tudo. Quantas vezes você já riu de coisas passadas que na época o deixou profundamente irritado, nervoso, magoado ou temeroso?
Enquanto estamos envolvidos em uma experiência, a vemos como algo extremamente importante, mas a partir do momento em que ela passa, ou melhor, que a deixamos passar, podemos começar a vê-la de uma outra perspectiva com outras nuances; talvez mais natural, é esta a palavra. Se pudéssemos ver nossas experiências de vida de uma forma mais simples e natural talvez não sofrêssemos tanto. Mas fica difícil vermos as coisas naturalmente enquanto criamos inúmeros artifícios para nos esquivar de uma constante insegurança sobre o que somos realmente.
Se observarmos bem nossa vida é toda motivada por uma necessidade de confirmação do que nós somos, seja por nós mesmos ou pelos outros. Movidos por esta necessidade não há outra coisa que possamos colher que não seja mais insegurança. Diante disso, nossas estratégias de defesa se tornam tão sofisticadas que mesmo quando achamos que estamos realizando algo de forma pura e desinteressada, podemos nos surpreender ao nos vermos irritados ou deprimidos quando não somos reconhecidos ou somos criticados no que fazemos.
Vivemos sob a incrível ilusão de uma cultura que nos mostra modos de vida cada vez mais complicados e confusos ao focar a nossa existência na satisfação desta necessidade de reconhecimento e perpetuação da imagem de um eu. Neste mundo, apesar de mostrarem as coisas muito coloridas e divertidas no marketing da vida, tudo nos é passado como muito sério, algo que você precisa conquistar, senão você não é ninguém. O alimento é sério, o sexo é sério, o trabalho, a diversão e o lazer é tudo muito sério. A grande ironia é que tudo isso que se pode conquistar para se sentir sendo alguma coisa acaba uma hora. Mas não tem problema. Nós sempre vamos em busca de novas conquistas e assim nos mantemos ocupados por toda a vida, até que um dia nos vemos diante da morte e aí, o que realmente importa?
Às vezes, mesmo percebendo todo este jogo, nós continuamos buscando em algum nível de existência uma realização que você imagina existir. E se você não cosegue sair da cilada disso tudo você acaba se tornando escravo de si mesmo, das suas idéias, onde na melhor das hipóteses você se torna um filósofo e na pior um filósofo que gosta de levar vantagem em tudo, certo?
Certa vez, li o seguinte trecho de um livro de um místico americano chamado Da Free John: "A vida é completamente absurda. Enquanto você está vivo, tudo parece importante. Até o desespero é importante, o reconhecimento de que alguma coisa importante para você não aconteceu. Assim, a vida, enquanto você a vive, é cheia de importâncias. Por outro lado, todo o universo conspira para fazê-lo ceder o que parece importante, pois tudo no universo chega ao fim. Toda experiência está conspirando para fazê-lo transcender a experiência, exigindo, ao mesmo tempo, que você consume a experiência". Não conheço este Da Free John, mas gostei deste trecho.
Cada experiência que temos contém a mensagem última da necessidade da transcendência da experiência, pois tudo tem um começo, um meio e um fim. Sabemos que por mais prazerosa ou dolorosa que seja qualquer experiência, ela acabará, mas impulsivamente nós a seguramos. E seja qual for o tipo de auto satisfação que se busca manter ou de auto realização que se busca alcançar, tudo isso tem o suporte de um sentimento que muitos acham que é importante termos, mas que creio ser o mais terrível veneno que corrompe a nossa capacidade de ser feliz: o orgulho.
O orgulho é o grande muro que erguemos para nos defender daquilo que é o mais eficaz remédio que a vida nos confronta a toda hora para nos tirar do nosso delírio de auto importância. Que remédio é esse? A humilhação. A humilhação nos traz a negação, o fim e a morte que pode nos despertar para a realidade das coisas. Muitas vezes (ou seria sempre?) é ela que nos mostra que não somos o centro do universo e que devemos ser vulneráveis e atentos à vida e ao outro, fazer amizade com nosso não-eu vermos o que realmente tem importância. E, por incrível que pareça, nós aprendemos esta lição desde pequenos, como descreve tão bem o escritor Robert Fulghum:
"Grande parte do que eu realmente precisava saber a respeito da vida, de como viver, do que fazer e de como ser, aprendi no jardim de infância. A sabedoria não estava no cume da montanha da faculdade, mas ali na caixa de areia da escola maternal. Essas são as coisas que aprendi; compartilhe tudo, seja leal; não magoe as pessoas; recoloque as coisas no lugar onde as encontrou; limpe aquilo que sujar; não pegue o que não for seu; peça desculpa quando machucar alguém; lave as mãos antes de comer...
Biscoitos quentes e leite frio são bons para você; leve uma vida equilibrada; aprenda um pouco, pense um pouco, desenhe, pinte, cante, dance, brinque e trabalhe um pouco a cada dia; tire uma soneca todas as tardes; quando sair para o mundo, fique atento no trânsito; dê as mãos e mantenha-se unido, perceba a maravilha...
Pense como o mundo seria melhor se todos nós – o mundo inteiro – tivesse biscoito e leite por volta das três horas de todas as tardes e depois deitasse com suas mantas para tirar um cochilo, ou se tivéssemos uma política básica em nossa nação e em outras nações de sempre recolocar as coisas no lugar onde as encontraram e limpássemos as sujeiras que fizéssemos. E isto continua a ser verdade, não importa a idade: quando sair para o mundo, é melhor dar as mãos e manter-se unido".
ALEXANDRE SAIORO ministra para grupos e empresas o Programa de Redução do Estresse - A Arte do Estresse - baseado em metodologias utilizadas na área de desenvolvimento humano e organizacional e em métodos de meditação e contemplação da tradição budista.
Para saber mais sobre o Programa vá até blog
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E-mail: alexsaioro@hotmail.com
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