“As empresas vão precisar tomar decisões estratégicas com base na hipótese
de que as pessoas saberão as conseqüências de tudo o que fazem”
Daniel Goleman
Todo o desenvolvimento de uma sociedade tem como objetivo a promoção da felicidade e do bem-estar dos indivíduos que dela participa. Hoje, diante dos conflitos e contradições que estão se manifestando entre a ação humana no planeta e o equilíbrio ecológico, se faz cada vez mais urgente buscar soluções que apontem para um estilo de vida sustentável que promova uma harmonia entre o desenvolvimento social e o equilíbrio ambiental. E isto está exigindo de todos nós, principalmente das elites que ditam a ordem mundial, profundas mudanças na maneira de ver, sentir e pensar nosso mundo.
Quando se fala em sustentabilidade, consciência ambiental e consumo consciente, é comum ouvirmos dicas e conselhos do que é preciso mudar em nossos hábitos e atitudes pessoais. Mas o que sinto que falta em todos estes discursos é uma orientação de como se mudam hábitos e atitudes.
Como eu mudo meus desejos, condicionamentos e, porque não dizer, vícios? Como eu mudo minha mente autocentrada e insatisfeita que pouco se preocupa com o outro e com o meio ambiente para satisfazer minhas necessidades?
Hábitos e atitudes se instalam em nossa mente e coração a partir de nossa constante busca por satisfação e segurança. Portanto, mudar minha relação com a sociedade e o meio ambiente requer trabalhar com estas questões. E como eu faço isto? Como eu posso me sentir mais satisfeito e seguro para não criar mais degradação, conflitos e violência para com o meu próximo e o meio ambiente?
Muito se fala em soluções tecnológicas e políticas, mas não se fala em oferecer para o indivíduo um conhecimento interior que estimule nele novas formas de contentamento e bem-estar pessoal, assim como desenvolver empatia e sensibilidade para as necessidades do “outro” - do planeta e todos os seres que nele habita.
Apenas saber intelectualmente o que é certo ou errado fazer não basta. Toda mudança em nosso fazer depende de um saber emocional que possa lidar com os impulsos e hábitos emocionais que não obedecem a um simples saber intelectual. Sem esta capacidade facilmente caímos nos mesmos erros ao tentar solucionar os problemas que enfrentamos. E esta capacitação emocional começa com o desenvolvimento de uma mente consciente e pró-ativa capaz de reconhecer sua tendência autocentrada com suas armadilhas reativas que levam a muitas auto-ilusões.
Na maior parte do tempo funcionamos no piloto automático, pouco conscientes do que se passa em nossa mente. Reagimos às situações e fazemos escolhas a partir de desejos, crenças e valores que nem sempre achamos ser o correto e que não correspondem à realidade das situações. Movidos por esta mente reativa, não percebemos nossas tendências habituais e condicionamentos para poder mudá-los e, assim, facilmente nos iludimos achando que estamos agindo com liberdade de escolha. Com este tipo de mente acabamos manipulados pelos estímulos que nos chegam e por nossas percepções equivocadas da realidade.
As vezes acho que todo este movimento atual por uma sociedade sustentável está envolvido com este processo reativo se auto-iludido, pois ele não tem tocado na raiz do problema. Pois, não vejo outra forma de sairmos deste modo de vida insustentável que não seja através de uma massiva educação emocional que desenvolva uma inteligência que lide na transformação dos impulsos e condicionamentos que ditam nossos desejos, necessidades e ações no mundo. Somente a partir desta “inteligência socioambiental” é que realmente poderemos construir uma sociedade ambientalmente sustentável e socialmente justa. Tal “inteligência socioambiental” deve se basear na descoberta de um real contentamento e satisfação aliada a nossa ampla capacidade de empatia e compaixão e funcionar no reconhecimento de que nosso bem estar pessoal só pode ser pleno e duradouro na medida em que promovamos o bem-estar do meio ambiente natural e social de que somos parte.
Se formos pensar com quem se deve começar este movimento educacional de inteligência socioambiental, eu diria que com a nova geração de empresários, executivos, economistas, políticos, governantes e seus filhos para que eles não repitam os erros de seus pais e antepassados. Isto porque, se este grupo de elite do planeta não mudar sua maneira de viver e se relacionar o que vamos sustentar em nosso planeta é a hipocrisia manipuladora vigente.
Hoje o que estamos vendo se criar no mundo é uma sociedade esquizofrênica, sufocada entre as campanhas eco-sustentáveis e as campanhas publicitárias do marketing consumista, numa batalha de informações contraditória que põe a culpa de tudo que está acontecendo e a responsabilidade de mudança em quem menos tem poder de mudar esta situação. E a pergunta que fica é se isto é feito de propósito ou por ignorância.
ALEXANDRE SAIORO ministra para grupos e empresas o Programa de Redução do Estresse - A Arte do Estresse - baseado em metodologias utilizadas na área de desenvolvimento humano e organizacional e em métodos de meditação e contemplação da tradição budista.
Para saber mais sobre o Programa vá até blog http://aartedoestresse.blogspot.com
E-mail: alexsaioro@hotmail.com